PARMÉNIDES
Em
primeiro lugar, é necessário,julgo, é necessário, julgo eu, que
as outras coisas existam de algum modo, porque, se não existissem,
não poderiamos falar das coisas.
ARISTÓTELES
Com
efeito.
PARMÉNIDES
E
quando falamos das outras coisas, subentende-se que essas «outras
coisas»
são diferentes. Ou não aplicas tu as palavras «outro»
e «diferente»
à mesma coisa?
ARISTÓTELES
Sim.
PARMÉNIDES
Não
dizemos que o que é «diferente»
difere de alguma coisa diferente, e o que é «outro»
o é em relação a alguma outra coisa?
ARISTÓTELES
Sim.
PARMÉNIDES
Deste
modo, para que as outra coisas sejam «outras»,
deve haver alguma coisa em relação â qual elas sejam «outras».
ARISTÓTELES
Forçosamente.
PARMÉNIDES
Que
coisa será essa? Não é relativamente ao uno que ela serão
«outras»,
visto que o uno não
existe.
ARISTÓTELES
Não.
Platão,”Paménides
ou das Ideias”, Editorial Inquérito, pp. 140-1, s/d, Lx.
Trad.
A. Lobo Vilela.
Ao
contrário do que diz Vieira, o non não é «terrível».
É uma palavra inteira,
acabada, por qualquer lado que se tome. Mais brilhante que a
afirmação é sempre a negação . Porque
a negação é a afirmação que pára no limite dos riscos.
Quem
nega, afirma um critério, mas não se responsabiliza pela
reconstituição do que esse mesmo critério destruiu. Sim, a negação
é sempre mais brilhante que a afirmação. Porque quem apenas nega
tem na sua mão a possibilidade de todas as soluções
positivas, inclusive,
portanto, a de quem, além de negar, afirma.
Vergílio
Ferreira, “Do Mundo
Original (ensaios)”, pág.25, Livraria Bertrand, 2.ª ed., 1979,
Lx.
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