ATÉ SEMPRE
Perdeste a lágrima,
menino?
Quem afligiu a tua
bola?
Pega lá vida, faz o
pino:
Sempre o contrário
nos consola.
A vida é péla,
rasga a vida,
Que em mim já antes
papel é.
Vê como a levo de
vencida
Desde que nele
escrevo, até...
Sempre, menino, até
sempre!
No bibe o corpo;
deixa! Lava-se
E não te esqueças,
chuta sempre!
(Não chegou a
chorar, mas preparava-se).
31.7.59
Vitorino
Nemésio, “O Verbo e a Morte”, pág. 18, Morais Editora,
1959.
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