No Algharb as vinhas
são jardins de Hespéria:
Com as vindimas
deste fim de Agosto,
Pisada a uva e ao
transbordar do mosto,
Abelhas zumbem numa
boda aérea.
– Tens sede, meu
amor? Toma-lhe o gosto
E, em ditirambo
espírito e matéria,
O Sol, há-de
cantar-te em cada artéria
E há-de rosar-te a
palidez do rosto.
Depois... – não
sentes? – o calor aperta,
Que já vai alta a
glória da manhã
E eu tenho a boca
seca e tão deserta!
Por mim, só quero
uns bagos de romã
A ressumar doçuras
e entreaberta
Da tua boca, esposa
minha irmã...»
Cândido Guerreiro
(1871-1954) de “Sulamitis”
op. cit. David
Mourão-Ferreira, “O Algarve”, p. 48, Bertrand.
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