Egito Gonçalves / Luís Veiga Leitão /Papiniano Carlos
Egito Gonçalves, Luís Veiga Leitão, Papiniano Carlos, António Rebordão Navarro, Ernâni Melo Viana e Daniel Filipe dirigiram a revista Notícias do Bloqueio (1957-61). Ficaram conhecidos como os Poetas Neo-Realistas Portuenses... E pela sua combatividade por - a Geração de 50.
José Egito de Oliveira Gonçalves (1920-2001)
DE QUE FALO!
Falo das ruas e do amor,
do teu ventre sobre os lençóis,
falo da cidade que amo
onde a conjura amadurece.
Falo dos papéis que se rasgam
na hora do primeiro alarme,
da mão aberta para a esmola
onde germinará a vingança.
Falo do sangue de desejo
que abre em mim quando sorris,
e do carvão e da lareira
onde o combate aquece as mãos.
Falo dos motores que já vibram
na expedição contra o anátema
e dos dentes com que mordisco
os intervalos do teu riso.
Egito Gonçalves in "Sonhar a Terra Livre e Insubmissa...", p.28, 1973.
Bibliografia (Incompleta):
Luís Veiga Leitão (1915-1987) (Pseud. de Luís Maria Leitão)
RESISTÊNCIA
Não. Digo à explosão de ameaça
e à rapada paisagem do desterro.
E não. Digo à minha carcaça
encalhada em bancos de ferro
e ao cordame dos nervos, fustigado,
a ranger no silêncio a sós:
Por cada nervo quebrado
que se inventem mais nós.
Luís Veiga Leitão in "Sonhar a Terra Livre e Insubmissa...", p.48. 1973.
Bibliografia Principal:
José Egito de Oliveira Gonçalves (1920-2001)
DE QUE FALO!
Falo das ruas e do amor,
do teu ventre sobre os lençóis,
falo da cidade que amo
onde a conjura amadurece.
Falo dos papéis que se rasgam
na hora do primeiro alarme,
da mão aberta para a esmola
onde germinará a vingança.
Falo do sangue de desejo
que abre em mim quando sorris,
e do carvão e da lareira
onde o combate aquece as mãos.
Falo dos motores que já vibram
na expedição contra o anátema
e dos dentes com que mordisco
os intervalos do teu riso.
Egito Gonçalves in "Sonhar a Terra Livre e Insubmissa...", p.28, 1973.
Bibliografia (Incompleta):
- Poemas para os Companheiros da Ilha, 1950
- Um Homem na Neblina, 1950
- A Evasão Possível, 1952
- O Vagabundo Decepado, 1957
- A Viagem com o Teu Rosto, 1959
- Memória de Setembro, 1959
- Diário Obsessivo, 1962
- Os Arquivos do Silêncio, 1962
- O Fósforo na Palha, 1970
- O Amor Desagua em Delta, 1971
- Luz Vegetal, 1975
- Poemas Políticos (1952-1979), 1980
- Os Pássaros Mudam no Outono, 1981
- Falo da Vertigem, 1983
- Dedikatória, 1989
- E no Entanto Move-se, 1995
- O Mapa do Tesouro, 1998
- A Ferida Amável, 2000
- A Palavra Interdita, 2001
- O Pêndulo Afectivo - Antologia Poética 1950-1990, 1991
- Entre Mim e a Minha Morte há Ainda um Copo de Crepúsculo, 2006
Luís Veiga Leitão (1915-1987) (Pseud. de Luís Maria Leitão)
RESISTÊNCIA
Não. Digo à explosão de ameaça
e à rapada paisagem do desterro.
E não. Digo à minha carcaça
encalhada em bancos de ferro
e ao cordame dos nervos, fustigado,
a ranger no silêncio a sós:
Por cada nervo quebrado
que se inventem mais nós.
Luís Veiga Leitão in "Sonhar a Terra Livre e Insubmissa...", p.48. 1973.
Bibliografia Principal:
- Latitude, 1950
- Noite de Pedra, 1955
- Ciclo de Pedras, 1964
- Livro de Andar e Ver, 1976
- Linhas do Trópico, 1977
- Longo Caminho Breve. Poesias Recolhidas (1943-1983), 1985
- Livro da Paixão, 1986
- Biografia Pétrea, 1989
- Rosto por Dentro, 1992
- Obra Completa, 1997
Papiniano Manuel Carlos de Vasconcelos Rodrigues (1918)
IMPROVISO NA MORTE DO SEMEADOR
Carregavas em teus ombros um navio
de relâmpagos, em teu coração a pedra
e a voz das cidades insubmissas.
Levavas em teu rastro uma aurora
de espigas, em teus lábios as palavras
que não temem fogo, frio ou morte.
Submerso no ódio e no terror, chegavas
em cada noite e, feroz, reconstruías
uma vez mais a esperança.
A terra semeavas e, por amá-la tanto,
(transforma-se o amador na coisa amada)
és agora, ó semeador, a própria semente
oculta e violenta.
Papiniano Carlos in "Sonhar a Terra Livre e Insubmissa...", pp.68-69, 1973.
Bibliografia Principal:
IMPROVISO NA MORTE DO SEMEADOR
Carregavas em teus ombros um navio
de relâmpagos, em teu coração a pedra
e a voz das cidades insubmissas.
Levavas em teu rastro uma aurora
de espigas, em teus lábios as palavras
que não temem fogo, frio ou morte.
Submerso no ódio e no terror, chegavas
em cada noite e, feroz, reconstruías
uma vez mais a esperança.
A terra semeavas e, por amá-la tanto,
(transforma-se o amador na coisa amada)
és agora, ó semeador, a própria semente
oculta e violenta.
Papiniano Carlos in "Sonhar a Terra Livre e Insubmissa...", pp.68-69, 1973.
Bibliografia Principal:
- Esboço, 1942 (poesia)
- Ó Lutador, 1944 (poesia)
- Poema da Fraternidade, 1945
- Estrada Nova - cadernos de poesia, 1946 (apreendido pela PIDE)
- Terra com Sede, 1946 (ficção)
- Mãe Terra, 1948 (poesia)
- As Florestas e os Ventos - contos e poemas, 1952
- Caminhemos Serenos, 1957 (poesia)
- Uma Estrela Viaja na Cidade, 1958 (poesia)
- A Rosa Nocturna, 1961 (crónicas)
- A Menina Gotinha de Água, 1962 (infantil)
- A Ave Sobre a Cidade, 1973 (poesia)
- O Rio na Treva, 1975 (romance)
- Luisinho e as Andorinhas, 1977 (infantil)
- O Cavalo das Sete Cores e o Navio, 1980 (infantil)
- O Grande Lagarto da Pedra Azul, 1989 (infantil)
- A Viagem de Alexandra, 1989 (infantil)
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