25/11/2015
23/11/2015
...
OS MEUS GATOS
eu sei, eu sei
eles são limitados, têm diferentes
necessidades e
interesses
mas eu vejo e aprendo com eles
eu gosto do pouco que eles sabem,
e que é
tanto.
eles queixam-se mas nunca
se preocupam,
eles caminham com uma surpreendente dignidade,
eles dormem com uma franca simplicidade que
os humanos simplesmente não podem
compreender.
os olhos deles são mais
bonitos que os nossos olhos.
e eles conseguem dormir 20 horas
por dia
sem qualquer
hesitação ou
remorso.
quando me sinto
em baixo
tudo o que tenho de fazer é
olhar para os meus gatos
e a minha
coragem
regressa,
eu estudo estas
criaturas.
eles são os meus
professores.
Charles Bukowski
19/11/2015
17/11/2015
Letra em saque...
CURSIVO INGLÊS
Continuavam as aulas de caligrafia
da dona Otelinda com o seu
aparo de lança n.° 120,
molhado de tinta azul, a deslizar
em torneadas maiúsculas
no papel almaço. Continuavam
apesar das máquinas de escrever
da sala 8, para as alunas mais
adiantadas.
No cursivo inglês
que talvez Pessoa tivesse aprendido,
caligrafávamos: Amigo e Senhor e
de Vossa Senhoria, Atenciosamente.
Depois nas aulas de francês e inglês
aprendíamos – já sem caligrafia – e
regressadas à esferográfica (que
Pessoa não conheceu) as
mesmas cantigas de amigo. Havia
sempre um Dear Sir ou um Cher
Monsieur para redigir carta
sobre a letra a receber ou
a pagar avec nos salutations,
les plus distinguées.
Letras com um sacador
e um sacado, que se tornava
sempre o aceitante, até
à data do vencimento.
Inês Lourenço, “O Segundo Olhar (Antologia)”, p. 25, Companhia das Ilhas, 2015.
15/11/2015
14/11/2015
V...
V
Túrgida-mínima
Como virás, morte
minha?
Intrincada. Nos nós.
Num passadiço de
linhas.
Como virás?
Nos caracóis, na
semente
Em sépia, em rosa
mordente
Como te emoldurar?
Afilada
Ferindo como as estacas
Ou dulcíssima
lambendo
Como me tomarás?
Hilda
Hirst, “Antologia da Poesia Brasileira Contemporânea”, pág.
170, INCM, 1986.
10/11/2015
Terceira Parte de "Certos Curtos Sinais"...
Projecto de
Diogo Vaz Pinto
Hugo Magro (Realização)
Paulo Tavares
05/11/2015
04/11/2015
"Felicidade" é ir ver a Sasha e evitar a estrela porno-gráfica...
Conferência — 5 de Novembro de 2015 às 21:30
O prazer na arte - Sasha Grey
Sasha Grey
Moderação: Julião Sarmento
Teatro Municipal Rivoli, Grande Auditório Manoel de Oliveira

Conferência — 7 de Novembro de 2015 às 16:00
Teatro(s) da felicidade - Matilde Campilho
Moderação: Pedro Sobrado
Teatro Nacional São João
Mais Informações AQUI
e aqui
O prazer na arte - Sasha Grey
Sasha Grey
Moderação: Julião Sarmento
Teatro Municipal Rivoli, Grande Auditório Manoel de Oliveira

Conferência — 7 de Novembro de 2015 às 16:00
Teatro(s) da felicidade - Matilde Campilho
Moderação: Pedro Sobrado
Teatro Nacional São João
Mais Informações AQUI
e aqui
02/11/2015
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01/11/2015
...
Lero-Lero
Sou brasileiro
de estatura mediana
gosto muito de fulana
mas sicrana é quem me quer
porque no amor
quem perde quase sempre ganha
veja só que coisa estranha
saia dessa se puder
Eu sou poeta
e não nego minha raça
faço verso por pirraça
e também por precisão
de pé quebrado
verso branco rima rica
negoceio dou a dica
tenho a minha solução
Não guardo mágoa
não blasfemo não pondero
não tolero lero-lero
devo nada pra ninguém
sou esforçado
minha vida levo a muque
do batente pro batuque
faço como me convém
Sou brasileiro
tatu-peba taturana
bom de bola ruim de grana
tabuada sei de cor
4 x 7
28 noves fora
ou a onça me devora
ou no fim vou rir melhor
Não entro em rifa
não adoço não tempero
não remarco o marco zero
se falei não volto atrás
por onde passo
deixo rastro deito fama
desarrumo toda trama
desacato satanás
Diz um ditado
natural da minha terra
bom cabrito é o que mais berra
onde canta o sabiá
desacredito
no azar da minha sina
tico-tico de rapina
ninguém leva o meu fubá
de estatura mediana
gosto muito de fulana
mas sicrana é quem me quer
porque no amor
quem perde quase sempre ganha
veja só que coisa estranha
saia dessa se puder
Eu sou poeta
e não nego minha raça
faço verso por pirraça
e também por precisão
de pé quebrado
verso branco rima rica
negoceio dou a dica
tenho a minha solução
Não guardo mágoa
não blasfemo não pondero
não tolero lero-lero
devo nada pra ninguém
sou esforçado
minha vida levo a muque
do batente pro batuque
faço como me convém
Sou brasileiro
tatu-peba taturana
bom de bola ruim de grana
tabuada sei de cor
4 x 7
28 noves fora
ou a onça me devora
ou no fim vou rir melhor
Não entro em rifa
não adoço não tempero
não remarco o marco zero
se falei não volto atrás
por onde passo
deixo rastro deito fama
desarrumo toda trama
desacato satanás
Diz um ditado
natural da minha terra
bom cabrito é o que mais berra
onde canta o sabiá
desacredito
no azar da minha sina
tico-tico de rapina
ninguém leva o meu fubá
Cacaso,” Beijo na boca e outros poemas”, pp. 154-5, Brasiliense,
São Paulo, 1985.
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