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20/03/2015

OLHA UM NOVÍSSIMO E(C)LIPSE!...


“Recebemos, no prazo regulamentar que foi definido para esta edição, 2145 poemas enviados por 223 autores provenientes de todo o mundo lusófono, cuja participação aqui agradecemos.
    A leitura destes poemas revelou, com pouquíssimas excepções, um imaginário poético débil mas, mais do que isso, revelador de um cenário preocupante e que já noutras ocasiões tem vindo a ser abordado: a constatação de que muitos daqueles que escrevem poesia não são dela leitores assíduos, como se a sua escrita pudesse depender, única e exclusivamente, de uma qualquer inspiração. Já em 1984 a nota do Júri do Anuário fundador nos informava de que, em muitos daqueles que tinham então participado, estava «ausente um conceito minimamente fecundo de poesia e o campo detectável das suas leituras é muitas das vezes pobre e ultrapassado» concluindo pouco depois que «não que a poesia se ensine; mas a cultura, no sentido mais amplo, é um dos fundamentos da escrita» – impossível não fazer destas palavras também as nossas, agora. Lendo e relendo todos os poemas que nos foram enviados, verificamos que muitos dos concorrentes não lêem poesia, ou não lêem, pelo menos poesia actual. Daqui decorre a repetição exaustiva de fórmulas canónicas há muito ultrapassadas pela evolução fértil da poesia portuguesa. No outro extremo, encontram-se aqueles que de tal maneira pretendem emular alguns nomes maiores que os seus poemas carecem de qualquer originalidade e mais não são do que o eco (menor e não autêntico) de outras vozes e de outras linguagens.”

Almeida Faria
Armando Silva Carvalho
Golgona Anghel
Manuel Alberto Valente
Vasco David'

in “Anuário de Poesia de Autores Não Publicados”, pp. 9-10, Assírio & Alvim, Março de 2015.