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01/02/2019

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“Lembro-me, finalmente, da lebre de Joseph Beüys que me recordou aquela outra que parece ter fugido da Bíblia, percorrendo milénios, até entrar novamente nas Iluminações de Rimbaud: «Mal se aquietou a ideia do Dilúvio, / uma lebre parou entre os sanfenos e as ondulantes campânulas / e fez a sua prece ao arco-íris através da teia de aranha. / Oh! As pedras preciosas que se escondiam – as flores que já olhavam».”
Manuel Hermínio Monteiro. In “Ler – Livros & Leitores”, n.º 27, Verão de 1999.


LES
ILLUMINATIONS
APRÈS LE DÉLUGE


Aussitôt que l’idée du Déluge se fut rassise
Un lièvre s’arrêta dans les sainfoins et les clochettes
mouvantes, et dit sa prière à l’arc-en-ciel, à travers
la toile de l’araignée.
Oh! les pierres précieuses qui se cachaient, – les
fleurs qui regardaient déjà.
Dans la grande rue sale, les étals se dressèrent, et
l’on tira les barques vers la mer étagée là-haut com'me
sur les gravures.
Le sang coula, chez Barbe-Bleue, aux abattoirs
dans les cirques ou le sceau de Dieu blêmit les
fenêtres. Le sang et le lait coulèrent.
1

04/08/2015

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Voyelles

A noir, E blanc, I rouge, U vert, O bleu : voyelles,
Je dirai quelque jour vos naissances latentes:
A, noir corset velu des mouches éclatantes
Qui bombinent autour des puanteurs cruelles,

Golfes d’ombre ; E, candeurs des vapeurs et des tentes,
Lances des glaciers fiers, rois blancs , frissons d’ombelles;
I, pourpres , sang craché, rire des lèvres belles
Dans la colère ou les ivresses pénitentes;

U, cycles, vibrementes divins des mers virides,
Paix des pâtis semés d’animaux, paix des rides
Que l’alchimie imprime aux grands fronts studieux;

O, suprême Clairon plein des strideurs étranges,
Silences traversés des Mondes et des Anges:
― O l’Oméga , rayon violet de Ses Yeux!

Arthur Rimbaud, 1871

RIMBAUD, Arthur. Poésies complètes. Paris: Librairie Générale Française, 2009.
CAMPOS, Augusto. Rimbaud Livre. São Paulo: Perspectiva, 1992. Programação visual: Augusto de Campos e Arnaldo Antunes (Col. part.).



Escreve João de Deus:

    Quer-se aprender a ler? Por onde se há-de começar, por letra manuscrita ou tipográfica?
    A grande multiplicadora da palavra é a imprensa; de certo que pela letra tipográfica. Que letra, redonda, grifa ou gótica? Decerto pela mais frequente, que é a redonda. Mas, todo o abecedário é duplo: maiúsculo ou minúscula? Pela mais frequente, que é a minúscula. E todo o alfabeto minúsculo ao mesmo tempo? De que servem a um principiante 25 letras? Não só do que servem; como se aprendem 25 letras? Se em cada dia me mostrarem uma letra, em 25 dias posso saber 25 letras; mas, se em 50 dias me mostrarem simultâneamente 25 letras, é mais do que provável que eu não chegue a distinguí-las todas.
    Logo, dessas 25 letras, escolham-se as principais. As principais são as vogais.
    E poderemos nós com essas, formar palavras ou exprimir ideias ou sentimentos?
    Podemos: com a, e, i, o, u, podemos formar ai, ui, eu, ía.
    Pois bem, seja essa a nossa primeira lição.
    Restam-nos as consoantes. Havemos de nós ir pelas consoantes fora, b, c, d, etc.? Mas 7 não têm um valor independente, isto é, não têm uma pronúncia apreciável em separado. B chamamos-lhe bê, como se podia chamar Bernardo, mas o que ela significa é os lábios pegados

Manuel Laranjeira