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06/09/2016

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Timeo hominem unius libri. Frase latina, com profundo sentido e de uma gritante actualidade para dignificar e valorizar o livro e o escritor, e cuja tradução para a nossa riquíssima e nunca suficiente amada Língua Portuguesa pode ser esta: respeito profundamente quem escreveu um só livro. Hoje, embora se leia pouco e mal (mal, no sentido de não se perceber, nem querer perceber o sentido do que o autor quis transmitir), escrevem-se e publicam-se cada vez mais livros, e mais revistas e mais jornais, com um enorme labirinto de títulos e um grande emaranhado de temas, que deixam mesmo o estudioso mais atento e bem formado envolvido numa enorme dúvida e perplexidade sobre o seu valor e utilidade. Procura-se hoje, mais do que no passado, a avidez doentia da modernidade, da criatividade da originalidade, da audiência, do «bater recordes» de edições e vendas; tudo isto contrasta frontalmente com quem leva uma vida inteira para deixar, para a posteridade, unica e simplesmente um livro, que teve, como período de gestação, não nove ou doze meses, mas dez, vinte ou trinta anos de 366 dias.

São principalmente estes os livros e seus autores que merecem ser prioritariamente reverenciados, respeitados e lidos por todos (…)

D. Albino Cleto. Da introdução de “Diálogos do Doutor Jerónimo Arraiz e de Dom Frei Amador Arraiz Através da história da Literatura Portuguesa”de José Maria Tapadinhas Lança. Livraria Sá da Costa Editora, 1ª ed., 2001, Lisboa.