19/06/2018

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MEU ILUSTRE AMIGO:
Venho responder conformadamente à segunda rajada sentimental, romanesca, dêsse tirânico Sebastianismo a que sacrificou o seu intelecto. A sua réplica é (como não podia deixar de ser) um escuro labirinto confusíssimo das mais ilógicas alegações, de palavras indefinidas e de frases sem sentido. O estado de espírito em que se acha agora torna-o sensível às sugestões de inteligências inferiores; e o Sebastianismo, apanhando-o enfermo, trouxe ao seu espírito a escuridão. Falo-lhe, portanto, como a um doente passageiro, que tenho a certeza que se curará. O verdadeiro Malheiro Dias – o não antero-de-figueiredista, – há de um dia reaparecer, para triunfo (e alegria) de amigos sinceros e leais, Pudesse eu, na minha modéstia, ver a justa recompensa de o ajudar a ressurgir!
E vamos lá.
Recordemos, para clarezas, como se originou esta questão.
Pediu-me Raúl Proença, um dia, uma pequena introdução histórica para o seu Guia de Portugal. Comecei por me escusar a favor de pessoa mais idónea, mal pensando que o meu escrito se tornaria tão famoso. Mas êle insistiu, e obedeci.


António Sérgio.

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