17/08/2017

Biopolítica...

"(...) o escritor, há cem anos, dirigia-se particularmente a uma pessoa de saber e de gosto, amiga da eloquência e da tragédia, que ocupava os seus ócios luxuosos a ler, e que se chamava «o Leitor»: e hoje dirige-se esparsamente a uma multidão azafamada e tosca que se chama «o público».
(...) a ideia de leitura, hoje, lembra apenas uma turba folheando páginas à pressa, no rumor de uma praça."

Eça de Queiroz, “Notas Contemporâneas”, pág. 96, ed. Livros do Brasil, Lisboa.
 
"Quem lê hoje Homero? Quem lê Dante? Qual de vós, qual de nós leu a «Odisseia» e «Os Sete diante de Tebas», e Sófocles, e Tácito. e o «Purgatório», e os dramas históricos de Shakespeare, e até Voltaire, e até Camões? Decerto têm-se opiniões sobre o «nosso estilo de Tácitos», e a «ironia de Aristofánes»; mas essas sentenças transmitem-se, já feitas, para uso da eloquência, um pouco apagadas e cheias de verdete, como os patacos que vão de mão em mão."

Eça de Queiroz, “Notas Contemporâneas”, pág. 93, ed. Livros do Brasil, Lisboa.

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