14/05/2016

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PARMÉNIDES
Em primeiro lugar, é necessário,julgo, é necessário, julgo eu, que as outras coisas existam de algum modo, porque, se não existissem, não poderiamos falar das coisas.

ARISTÓTELES
Com efeito.

PARMÉNIDES
E quando falamos das outras coisas, subentende-se que essas «outras coisas» são diferentes. Ou não aplicas tu as palavras «outro» e «diferente» à mesma coisa?

ARISTÓTELES
Sim.

PARMÉNIDES
Não dizemos que o que é «diferente» difere de alguma coisa diferente, e o que é «outro» o é em relação a alguma outra coisa?

ARISTÓTELES
Sim.

PARMÉNIDES
Deste modo, para que as outra coisas sejam «outras», deve haver alguma coisa em relação â qual elas sejam «outras».

ARISTÓTELES
Forçosamente.

PARMÉNIDES
Que coisa será essa? Não é relativamente ao uno que ela serão «outras», visto que o uno não existe.

ARISTÓTELES
Não.

Platão,”Paménides ou das Ideias”, Editorial Inquérito, pp. 140-1, s/d, Lx.
Trad. A. Lobo Vilela.



Ao contrário do que diz Vieira, o non não é «terrível». É uma palavra inteira, acabada, por qualquer lado que se tome. Mais brilhante que a afirmação é sempre a negação . Porque a negação é a afirmação que pára no limite dos riscos.

Quem nega, afirma um critério, mas não se responsabiliza pela reconstituição do que esse mesmo critério destruiu. Sim, a negação é sempre mais brilhante que a afirmação. Porque quem apenas nega tem na sua mão a possibilidade de todas as soluções positivas, inclusive, portanto, a de quem, além de negar, afirma.

Vergílio Ferreira, “Do Mundo Original (ensaios)”, pág.25, Livraria Bertrand, 2.ª ed., 1979, Lx.

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