27/01/2014

Título pró visório


E este solo é grama
E esta só é gramática
E este não limpa os ângulos
E este purga num bacio
E este suja as pegas
E este diz: faz logo ritmos
E esta é uma má ‘triz
E este um leo pardo
E este animal de dó acção
E este vende micro copos
E este esteta copos não tem
E este é um acaba lista
E este cortou os impulsos
E este é um és tá tu to bem
E este é arisco etílico
E este um plano tónico
E esta é fêmea efémera
E este macho machuca
E este ri actual
E este ri corda
E este é, se vero
E este é um rigor morto
E este está na idade da vontade
E este tem vontade de ir da idade
E este amado ali aleija
E este é o Mohamed de Alijó
E este via a via viável
E este nunca se viu com outra
E este esbarra os ares
E este só pára nos bares
E este é o novo que vê o cú da galinha no ovo
E esta dobrou o finado pró morto ficar vincado
E a este a musa pôs-lhe as antenas
E este confia no que vem de Atenas
E este é só
E esta é sã
E esta diz que amou
E este diz que não amuou
E este ignora que é ignorado
E este signore é do signo aquário
E este admite demitir-se
E este de meter-se submete-se
E esta é uma franga
E este um ex-frangalhado
E este diz: subi num pulo
E este diz que é desci pulo
E este queixa-se da lida
E esta de que não é lida
E este professor diz: já avaliou?
E este ex-professor diz: Jávali!
E este lavra
E este, palavra!
E este viu a filha em acção
E este não tem filiação
E este quer vingar-se
E este já não vinga
E este quebra o barulho
E este parte o baralho
E este tem louvores
E este tem dores
E este perdeu-se no deserto
E este perdeu-se na dissertação
E este é do comércio
E esta é de comer no cio
E este mica um livro cómico
E este tem comics em micas
E este abusa das palavras inocentes
E este usa palavras que mataram
E este não cede um milímetro da fórmula – milionário
E este é dos que cede sempre, ó pra ele tão sedentário!
E este que veio à boleia de Wyoming
E este estuda os índios Pottawotomie
E este à noite lê o Ginsberg
E este deita gin na carlsberg
E este que leste?
E esta a Leste!
E este vende galos de Barcelos aos ingleses
The cock, the cock! The portuguese cock!
E este esteriliza sentimentos nos dias cirúrgicos
E este no fundo tem mantimentos pró fim do mundo
E este ouve os livros no ipod
E este ouve gritos mas não acode
E este é de arrebatamento pueril
E este afia a língua no esmeril
E este cobre-se de façanhas
E este quer cozer faianças
E este hesita por um instante
E este foi Aki e traz uma estante
E este coça o cú
E esta faz o Sudoku
E este mole é aqui que verga
E este duro é daqui que parte
E este é mestre em mídias de arte
E este sendo nada não está à parte
E este é do universo universitário
E este parece que saiu de um aviário
E este é o arruma dor que faz rima:
Mais um pópó pró pó!
E este tem encontros do 1º grau na prima
Fica na família não tenhas dó!
E este está preso na rede social
E este tem 60 e um curso profissional
E este só diante de um juiz diz: Juro!
E este vai ao banco renegociar a taxa de juro
E este ao Lobo Antunes rouba as letras de médico
E este desde pequeno que não toma o remédio
E este encenador incinera a cena
E este confunde-me com alguém e acena
E este dos programas da televisão entope
E este faz lembrar os telegramas: STOP!

RAR


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